Saturday, December 27, 2008
Aria Nova
Vou-me nas trilhas
Ando entre pedras
O perfume que a chuva
trouxe é de jasmins - eu sei
E destas flores brancas
coroas de anjos fiz
para a Novidade
o ninho da beleza
a casa em que habita
a felicidade em anil e prata
São castelos virgens
de luzes caídas de Escorpião
e Sagitário e Áries
são espadas anciãs
e trompas perdidas
nas estradas cegas
É a Novidade, na rua
na chuva e na estrada
na curva que dá para o Rio
no beco que dá para o Mar
Chuva, e estrela, cânticos
Canto o que há dentro do que haverá
E ânsias estelares pulsam
não como sóis jovens, mas como corpos celestes
poderosos há muitas distâncias de tempo
dentro do futuro imerso no passado.
Monday, December 22, 2008
Celebração
Vista do pôr-do-sol nas pedras do Arpoador.
Onde estão as vozes que eu ouvia?
Os espíritos que me guiavam, dos quais reclamava
Agora espeor ardente por cada um deles
loucos louros anjos com armas de crianças e flautas.
A uva Merlot na minha taça
O carrossel na minha cabeça
A coroa partida nos meus cabelos
A luz que quer ir embora da Madrugada
A festa eterna está presente neste farol
Estes unicórnios mudos à minha janela
As bocas das estrelas cantando trítonos
As asas dos caídos voejando nas sombras
A festa que me chama, como entro?
O vinho de frutas que mãos divinas colheram
desce à minha garganta, e qual o rei amaldiçoado
no mundo dos mortos, o Tântalo tristonho
procuro a seiva das horas mas verto-a incólume
E vêm lá os saltimbancos
Vêm lá os percussionistas
e as floristas e os cantores
Eles estiveram sempre aqui
Como eu não os vi?
Onde se esconderam?
Wednesday, December 10, 2008
Colecionando eventos
1. O casulo
Uma borboleta saiu da crisálida
e pousou nas folhas de maria-sem-vergonha.
Ela era aleijada, tinha uma asa menor do que a outra.
Apiedada, molhei meu dedo e pus açúcar na ponta
a borboleta então esticou lentamente a tromba
ainda não usada e lambeu o doce.
Não obstante, duas horas depois estava morta.
Pobre borboleta, virgem abandonada pela mãe Natureza.
2. O vôo
Uma pomba voou livre nos céus
mas veio de encontro ao vidro de um prédio
e caiu aos meus pés, moribunda
caiu numa terrível e fria linha reta
do vôo cego contra o vidro.
A quem culpar? Fatalidade
é um espasmo na pele do Universo.
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