Wednesday, January 12, 2011

Persas




Poeira e mesmo assim armadura
poema e ainda assim lança e espada

Quando canto não carrego penas e tintas
Não verão meus versos os homens na feira
mas sentirão os rastros do vento de minha cavalaria.

E quando despertarem, terão suas camas inundadas
e suas crianças desaparecidas na névoa,
suas pitonisas fumando nas alcovas
com os olhos prostrados nos cantos de aranhas e livros.

Quando despertarem seus governos serão interinos
e suas moedas desfeitas em cinzas.
Seu fogo será feito de vaga-lumes
e contarão apenas com a lua, mãe de todos os sonâmbulos
e irmã dos anoréxicos e lívidos de medo.

Meus braços são de anêmonas
minhas pernas de areia
meus cabelos de lâminas de neve
e meus olhos de palavras do livro sagrado.