Após cem dias
vejo a luz
O círculo antártico
morre em anagramas
de gelo maligno.
Após cem dias
o cárcere se afasta
Cem dias passei inerte
no escuro solene
em agonia ardente
Cem dias revolvi
a grama seca
as cascas de nozes, vazias
Cem dias suguei
o leite triste e dúbio
das esferas desérticas.
Cem dias procurando
pelo caixeiro-viajante
e suas caixas de amoras
e uvas vermelhas.
Cem dias de uivos
Cem dias de brancura.
Após a longa expiação
surge a estrela
alta na manhã dourada.
Surge a primeira
razão alta na madrugada.
Após cem dias
estou livre
e eis o mar.
No comments:
Post a Comment