Saturday, March 10, 2007

Cosme Velho, poema de chegada

 Cosme Velho

Hoje amplo vento
Ontem um tormento.

Pão e leite que adormecem
quentes à nossa mesa.
No céu estrelas giram lentas
- e loucas, nadam em escuro.

Hoje, a selvagem calma.
Hoje, guargem seus tesouros
- pois o mundo é maligno.
Guardem seus tesouros
- há neblina e intriga.

Na rua, a divindade caminha.
No ar, pisa o pé bailarino
Na água, flutua o embrião
da ingenuidade e da solidão.

Guardem seus tesouros
e não se envergonhem de sua nudez
- pois eles se esconderam
e o anjo lhes apontou a saída do Éden
- nus e tristes.

Guardem seus tesouros
O anjo vingador está embaixo
na orla dos homens maus.
Não temam seus amores
Abençoados serão os puros
Eleitos serão os intolerantes.

- Guardem-se sob o céu negro
e estrelas entoarão seus mantras.
Sorvam apenas a última essência
o mais fino tanino
e adormeçam num silêncio
de altar e orem
em sonhos de gardênias nuas.

1 comment:

wagner felipe dos santos said...

adorei !!!

.. mecheu comigo !!

( obs.:Pão e leite que adormecem
quentes à nossa mesa. ... me lembro de um macetezinho "A mais pronome crase passa fome" .. dê uma olhadinha que nao tô 100% certo ..

beijao