Friday, March 27, 2009
Canção dos Escorpiões
O corpo no tempo, o corpo no espaço
pede mais, e pede flores e música.
No vento, no alento, seus cabelos pretos de madrugada
nas minhas mãos febris. Ferrão sim,
mas preciso sempre dele pro meu canto.
Se você mora na música, eu moro na sua letra.
Eu sou sua, você é meu. Não pode ver?
Orvalho e veneno se espalham no verde escuro
por trás do azul laminado da Lagoa.
Meu coração pulando desde o entardecer.
Sua respiração sobre a minha, campo uníssono.
Eu sou sua, você é meu. Não pode ver?
Na corda de metal eu caminho em cada noite
desde a primeira ferroada. Veneno que não se foi
com o tempo, com os eventos, com rostos e asas no ar.
Mas sou bravia, como mares calmos à noite
que levantam tempestades nos amanheceres.
Estou armada, estou a postos.
Eu sou sua, você é meu. Quem não pode ver?
Tuesday, March 17, 2009
Amanhã
"Chronos devorando um de seus filhos", Goya
Amanhã é dia de matadouro
Amanhã é dia de sacrifício
Criança que vai ao encontro
do demônio que lhe sopra
nos ouvidos as cantigas macabras
de todas as negras noites.
Amanhã vai ao cemitério
Amanhã vai à estrada que dá muito longe.
Amanhã, amanhã, amanhã
amanhã tenho medo
amanhã vem essa luz de felicidade
à qual meus olhos negam boas-vindas.
Por que será? Têm sexto sentido
Têm visão de cego
no matadouro vêem no escuro.
Wednesday, March 11, 2009
Jazz... afinal
Brad Mehldau Trio.
Sem mais, na noite, na dispersão, no calor das estrelas, no desvario... o gato dorme na janela, e sonhamos sob as folhas das trepadeiras. Dias mais claros, noites mais escuras.
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