Friday, March 27, 2009

Canção dos Escorpiões






O corpo no tempo, o corpo no espaço
pede mais, e pede flores e música.
No vento, no alento, seus cabelos pretos de madrugada
nas minhas mãos febris. Ferrão sim,
mas preciso sempre dele pro meu canto.
Se você mora na música, eu moro na sua letra.

Eu sou sua, você é meu. Não pode ver?

Orvalho e veneno se espalham no verde escuro
por trás do azul laminado da Lagoa.
Meu coração pulando desde o entardecer.
Sua respiração sobre a minha, campo uníssono.

Eu sou sua, você é meu. Não pode ver?

Na corda de metal eu caminho em cada noite
desde a primeira ferroada. Veneno que não se foi
com o tempo, com os eventos, com rostos e asas no ar.

Mas sou bravia, como mares calmos à noite
que levantam tempestades nos amanheceres.
Estou armada, estou a postos.

Eu sou sua, você é meu. Quem não pode ver?

2 comments:

tork said...

gostei da canção...

Lucia said...

quem não pode ver? essa foi forte.