Sou mesmo um vegetal
uma samambaia espectral
derramando-se na amurada
Até o reino mineral
enredo-me e nado dissolvida
arabesco pulsante em água
que se desfaz em fria neblina
com o vento azul que dança na colina
A carne animal de sangue
traz-me arrepio adiposo
como um dente apodrecido
que se vê no escuro abismo
A dança de moluscos vermelhos
e o calor embaçado no espelho
trazem-me aos ouvidos cansados
o temor ao que está apartado
Sou mesmo uma gimnosperma
uma trepadeira nos troncos escuros
sob a sombra dos bambuzais
sacerdotisa de verdes catedrais.
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