
Tentaram os homens do bar
tomar minha garrafa de gim
e meus últimos trocados.
Mas não temi seus punhos
nem seus olhos escuros.
Cuspiram em meu nome
e arranharam minha guitarra.
Tentaram quebrar suas cordas,
e jogaram água quente sobre ela.
Caminhei entre a horda de assassinos,
e a porta dos juízes sem misericórdia.
Sem sapatos e sem agasalho
andei na noite sem lua e sem uma espada.
Fizeram vudus e entoaram canções ruins
e sacrificando doces ovelhas,
ensanguentaram meu nome.
Espalharam asas de borboletas
negras em meu telhado de palha.
Mas é que nasci da água azul
sob uma lua branca como a Morte.
Sobre pedras e entre lótus,
continuei a cantar com minha guitarra
e a caminhar sóbria e descalça.
Sobre o limo e galhos verdes,
entre vento perfumado de verão
e chuva de prata, meus pés erguem-se
no ritmo da eterna canção,
como anjo caído, sigo livre de feitiços.
Com a consciência da cor dos riachos
que dormem iluminados sob as grutas.