Thursday, December 02, 2010

Cântico MCXXI




Que chova toda a noite
e que jasmins brotem nas copas de manhã.

Amanhece como uma nuvem entre jazidas de prata.

A serpente em meu corpo revolta-se entre pesadelos
e canta com voz de anjo na cavalgada branca.
Noites de vigília triste, guerras previstas
pela anciã que lê em cartas de tarô, e serpentes choram.

Que chova e que o sol não apareça,
majestade tirânica, sépia desejaria.
Em contrário tenho o manto deslumbrante
dos saques ao povo do leste.
Que chova.

Amanhã que seja um dia noturno
de sonhos de um outro dia,
de delírios semifebris de outras eras
à espera de um messias de calças curtas
negrinho com uma guitarra às costas.
Que chova.

1 comment:

Três Pontos said...

Belas palavras.