Monday, March 07, 2011
Cântico MCXXIII
Calo para que não me roubem pequenezas.
Bruxas e larápios sodomizados
perturbaram-me a vista
e surrupiaram pequenas jóias.
Criam eles terem
tomado grandes fortunas
e desejavam matar-me à míngua.
Mas são fracos e tolos,
pois sou protegida por deuses cruéis.
Pequenas pérolas distribuo
às aves enjauladas nos mercados,
e troco por artigos de confeitaria
durante o chá da tarde.
Minhas grandes fortunas,
os sonhos envidraçados e esculpidos
por longos anos de sofrimento nas masmorras
no tempo e pelas intempéries,
escondo em elegantes caixas de mármore
guardadas no profundo Oceano
e quando algum pequeno bandido a ataca
é repelido por um enorme tsunami e ventos
que recitam versos bíblicos cheios de ira pentateuca.
Nada abrirá os cofres à sombra dos olímpicos marinhos.
Sou protegida por deuses cruéis.
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