
Diziam os antigos românticos
que os poetas eram nascidos das tempestades.
Sei por que flerto com o perigo.
Sei como prefiro o oceano noturno às flores do campo.
Não devo me lamentar se algum desses homens com quem ando
se mostrarem piratas desumanos ou anjos caídos carregando foices infernais.
Andei com Jesse James e seu bando, jantei com Lampião e seus devotos.
Flerto com as estrelas refletidas no esgoto e com a música do violinista mendicante.
Liberdade, amada mão, mas insidiosa bruxa que cozinha vapores intoxicantes
Sem enganos, sem política e sem moral, apenas uma canção e uma palheta.
Flerto com o erro, com o abismo, com o silêncio dos becos,
e assisto a danças macabras enquanto o amor se contorce sob a lua.