Tuesday, April 14, 2015
O ogro na biblioteca
O ogro senta-se majestoso
sobre uma pilha de livros modernos,
descomunal, triunfal, grandiosa é sua pança de ar.
Flui em seu sangue fogo-fátuo
e seu suor expele pequenas águas-vivas.
O ogro sonha em ser um príncipe. Crê ser um diplomata.
Suas enormes mãos derrubam comida sobre os livros,
ele diz que não precisa mais deles para conjurar fórmulas e feitiços.
O ogro afasta as borboletas com seu hálito nauseante.
Esbraveja ao mundo que são as borboletas as débeis
doentias, vulneráveis, um gasto ineficiente da Natureza.
O ogro urra longos discursos intercalados
com sons de gases e frases estrangeiras.
"Whatever, dude", "ah bon? Mais oui."
O ogro reúne um séquito de bajuladores,
lagartas mal formadas e sapos coaxadores.
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