Friday, May 13, 2016
Altocumulus
Que triste é o verão;
que triste é a canção efusiva e repetitiva de um céu azul
e a extenuante umidade calorenta
Quão doloroso é o olhar sobre uma estrada
perfeitamente pavimentada,
em que há mortes durante a madrugada;
para uma lagoa calma azulada
que, ao entardecer, solta fogos-fátuos
e outros elementos podres e silenciosos.
A totalidade da cor e a falsa permanência
são veneno para a mente,
são o sufoco da alma escrava dos sorrisos e oprimida pelos afetos
são a anestesia para um coração já embolorado
e embalado em açúcar de amores, requisitos e bom-dias.
O céu sempre azul - efusividade autoritária
O calor pleno e o ar imutável - a angústia de Prometeus
eternamente bicado pela ave de rapina.
Chegam as hostes de nuvens - chuva
vento e revolução
água no rosto, cabelos ao vento
O tempo se liberta,
o corpo se torna fogo e ar
-Respiro! Algo vai acontecer
Algo acontecerá, anuncia o Sacerdote Altocumulus,
pois tive um sonho que trouxe presságios,
algo acontecerá.
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