Afinal, sou uma feiticeira
que produz poções fatais.
Mas duendes e flores brancas
que já não passam de espuma.
Tua presença nas folhas
de alegre deus no vento
não era mais do que
minha própria divindade
espraiada no mundo.
Eu mesma era quem dançava
nas gotas frescas de chuva.
Espuma, luz de crepúsculo,
cascas de nozes e taças vazias.
Pobre musa, que envelhece
e vira bruma...
Agora de teu corpo
quero apenas os de outros,
e outros frutos,
e sementes roxas
de romãs tensas de água.
Quero as tardes alheias.
Sou o perigo do Deus criador.
Sou Brahma que explode cogumelos
tingidos no meio do vale
e Shiva que pisa no vinho mortal.
Sou a dança destruidora.
Musa, te deixo na estrada.
Encontrarás quem te ame
os pés inchados e o ventre infame.
Só amo os belos.
Só amo os imortais.
Musa, da onda da minha paixão
és agora inerte e fria espuma.
3 comments:
poruqe só ama os belos?
ingrata?
leia os comentários do seu relato sobre o concerto de Mahler em copacabana.
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