choro inteira
sofro por toda a humanidade
transparente, um copo d'água
transbordo e na chuva ninguém vê
a transparência sufocada de amor
a película túrgida e límpida de dor
sofro sem esforço
gratuita e livremente
com a fronte coroada de estrelas tristonhas
como uma rainha derrotada
uma flor azul desabrocho no frio
oferecendo aos transeuntes
e ao vento minha florescência dolorida
meu desabrochar de lágrimas fáceis
como oferece ao mundo graciosamente
a roseira suas ainda macias pétalas moribundas
e a paineira no outono suas folhas ressequidas
ofereço a vocês todos
minha tristeza em taças
e minha paixão insólita
ofereço meu pranto
como uma espada
que o vencido
estende ao vencedor
leve menear de cabeça
e um sorriso de muitas eras
ofereço a todos
e adormeço possuída
amorosamente
por um desqualificado vinho.
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