Veio flutuando lindo
no ar rosado do verão cansado
veio da grande mansão ao lado
onde os ricos abrem seus vinhos
borbulhantes rosés frescos
de tanta maravilha de vida
cheios de luz liberada nas bolhinhas
veio um balão dourado
caindo do céu pálido
na tarde antiga veio
Veio como um dom perdido
Do excesso que engorda os ricos
Os tesouros e alegrias aprisionadas
na muralha da mansão, as alegrias
incham o corpo, infelicidades
Os pobres canonizam a canção
e o ar que preenche o balão
O desejo é um esqueleto
que dança vago na sombra da plenitude
Veio um balão amarelo queimado
por sobre o grande muro da mansão rosé
Veio chateado da vida, enfarado da alegria
Veio sem desejo, indiferente à morte
Veio e caiu no pátio vermelho
Não há criança negrinha para tocá-lo
Quanta infelicidade entediada
infla o balão cheio de gás etílico
No comments:
Post a Comment