Thursday, April 10, 2008

As Ninfas



Mas entrar por um momento no reino que me é destinado
por natureza e adequação, o feminino branco e rosado
Atender à graciosa sinuosidade, à reservada afetação
ao gesto nu e musical que perfuma o espaço
com véus e cores suaves, e vozes moduladas

Queria pisar com os pés finos na relva fresca
do eterno desapego e dos sorrisos infantis
levemente tocado por uma divina sensualidade altiva
e livre, cantando os poemas mais arredios e colhendo flores
mal falando, apenas para libertar a verdade
de nossos corpos com canções inauditas.

Como as dançarinas de art-nouveau
e a bela Salomé, apaixonada e lancinante
ter razão sem precisar inclinar-me à vulgar
e masculina argumentação, ao palavrório
sem recorrer à Lei, à Lógica adolescente
à Ordem dos Sacerdotes descrentes, os homens
e seu eterno reino de sons bárbaros e gargalhadas atrozes
e negociatas e certezas de segunda classe
Um mundo emprestado de nós mesmos.

A fonte é fina e fria
O regato nos espera
As flores recurvam-se ao vento
Os sorrisos silenciosos no vento
O pão da eternidade sob
as cores e sabores das teias
de arte, volúpia e oração.

1 comment:

R. M. Peteffi said...

Dae Cecília!

Valeu pelos comments...passei a mão na foto do Woody Allen que vc colocou aqui...Se vc quiser, te mando um nu do Cauby Peixoto em troca...rs

Gostei bastante do poema...bastante desiludido...é foda, a gente nasce deus e morre nada, parece...

"à Ordem dos Sacerdotes descrentes, os homens
e seu eterno reino de sons bárbaros e gargalhadas atrozes
e negociatas e certezas de segunda classe
Um mundo emprestado de nós mesmos."

Em especial a última frase...e o final tá ótimo tbm...

Até!

Abs!