Saturday, April 11, 2009

O nome





Só sei dizer em poesia
porque sou covarde - só sei dizer em verso.
Mas virou a madrugada do dia
em que te reconheci, mar que quero ver todo dia
Sol que desejo toda noite, estrela que está velada
Falei com o escuro, e ele me disse teu nome

Disse o que disse a cabala e o que cantou o tarot
no meio da sujeira dos dias, nos arbustos das noites.
Disse encarnado em deus bêbado, em pitonisa por entre vapores
Disse-me que adormecesse, e aguardasse, e respirasse
E disse-me teu nome, disse por entre livros mofados.

Meu ventre contém névoas e luas que não conheço.
Somente agora vejo e ouço o que a sacerdotisa escondida,
por trás de todas as resoluções e chuvas, tem sussurrado.
Porque deuses sussurram sempre.

Desta vez ouvi o escuro e as estrelas de Aquário
soprarem suavemente e as chamas nas montanhas
e as aranhas urdirem em teias, e os melros anunciarem
O que o escuro disse, no frio e pleno entre pedras e o mar do Arpoador
Disse teu nome, o nome que quero para toda a vida.

1 comment:

Lucia said...

covarde é uma palavra muito forte para a mais bela maneira de se dizer algo. Essa tá linda, inclusive. Sol que desejo toda noite? você não tá querendo o impossível não, né? E você não vai revelar o nome? faz esse suspense todo? hehehe