Tuesday, June 30, 2009

Ideia




Vi veri ueniversum vivus vici - Faust


Nada, nua, flutua na brisa
Nuvem, cirro, esguia no espaço
Apenas fecha os olhos e silencia
Do corpo nu e da palavra fria
nascerão finos pássaros para além.

O sol nasce e vê que nunca houve a noite.
O medo dança mais débil entre as folhas da moita.
Se no deserto se encontra, pensa.
E no vento apenas escreve a verdade.
Resoluções corajosas de levantes,
grandes poemas-canções, partituras exultantes
e teoremas serpenteantes, posturas, luzes às torturas.

Então as trevas são nada. Apenas
as vozes e as danças não estavam aqui.
Crianças ainda não haviam surgido.

Nada é preciso. Nu, pobre, só.
Esquece o presente, a fome e o frio,
esquece o sangue nas mãos, o medo, o desvario.
Os pensamentos são aqueles delfins que surgiram
na direção da lua, na direção de Aquário,
tecendo os fios que conectam as grandes histórias.
Nada é preciso, nem caneta ou lápis, nem lábios,
nem mãos, nem danças ou gestos rudes.
Apenas o silêncio e deste oceano fecundo nasce, como Vênus no quebra-mar,
o primeiro cintilar. E daí as madrepérolas. E daí o mundo.

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