Wednesday, October 07, 2009

Lua que se põe



Debaixo da árvore que ainda vive
no último vale do condado, sob chuva
deita-se um velho com um violão.
Ele carrega cartas de amantes separados
e relatos de rainhas depostas.

Se você ouvir bem no vento
que lhe chega com velocidade de anjos em guerra
vai sentir suas adagas libertando-se
e ferindo as palavras com muitos fff's e sss's
que proferem os fantasmas de oxigênio
criados pelas criaturas que mal respiram em suas agonias.

Ali estará a taça de tormento
que liberta o pássaro branco na beira da morte
Que fere o coração do moribundo
e dá o ar para o recém-nascido
Quando ainda fores nada
e quando já tiveres perecido no nada
ouvirá a entonação do cântico
que sempre esteve aqui entre zumbidos da cidade
entre ventres e nas nucas de crianças
com poderes sobrenaturais.

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