"Die Jungfrau", Gustav Klimt.
Os poetas escrevem cartas para os anjos.
Numa noite, os lábios criaram cristais na opressão do escuro.
O desejo explodiu por cima das flores,
das taças de vinhos e trumpetes
como chuva de exuberância, suco de tangerinas e estrelas cadentes.
Encontros que celebramos. Cantamos.
Flautas, violoncelos, baterias e guitarras, claves e um beijo.
Vejo os caramujos e cigarras entre as folhas do aquário
zunindo orações esquecidas que agora retornam
como um refluxo de correntes quentes e frias, formando erupções marinhas.
Uma festa de frutas e luzes baixas de cores maliciosas,
com intromissões do flugelhorn e de um contrabaixo ligeiro.
No centro do tornado, não há paz -
esquece-se o tornado vendo-o, em estupefação.
Os deuses em orgasmo geram uma sequência de catástrofes
belas e sinuosas, lápis-lazúli num véu sobre o sangue do mundo.
Festas de cetim e vinhos que terminam em estertores de amor
na noite de um verão concebido pela música de titãs luminosos.
Assim os poetas terminam seus relatos aos anjos.
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