Saturday, February 20, 2010

Malbec




Sou um poema.

Deixo o lastro roxo nos cantos do mundo
no lábios do mundo, nas curvas do mar
do vinho que ainda desliza pela garganta.

Autrália, Argentina. Uma distância cumprida
no toque de um compasso entre bocas semicerradas.
Deixo o lastro lírico violeta chorando seus álcoois
na vidraça das taças e dos olhos que evito no sonho
e reencontro no desejo da madrugada.

Lúcida mágica de lamparinas e traços nas mãos
que designam destinos superiores.
Somos livres, somos poemas, e nada pode impedir
o encontro dos rios e a navegação por animais rebeldes.
Num compasso ternário danço a distância
entre continentes, roxa, lilás, azul-marinha.

É a voz do romance, no corpo do vinho,
um romance para violoncelo, à luz de uma noite que não termina.

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