Saturday, December 04, 2010
Cântico MCXXII
Como na era do deus-sol
lembranças de um piano descendente de tempos
em que desertos circundavam estas terras.
Palavras vestiam mantos de ministros
e coroas de princesas aladas na escuridão do tempo
o tempo da juventude sem futuro e sem passado. Pois
o jovem não tem planos, apenas moedas estrangeiras
para adoração de formas esverdeadas nas cédulas caducas
mas devera modernas, que escondem em suas
calças largas roubadas de seus pais de bigodes.
A mente nunca esteve tão clara e decidiu tão grandes pensamentos
quanto quando tínhamos 16 anos. E as folhas que esconderas nos livros
ainda as guardo, e não lamento nada, nenhum poema,
nenhuma lágrima, nenhuma noite sóbria de medos e ternuras entre selos.
Assim fecho o livro de cantigas e berceuses, entre cravos e amarílis
sem ainda saber o fim do livro e sem protagonistas.
Mas entre acordes menores e blue notes
nas estrelas mal nascidas através da janela
numa enorme caixa de papelão, canto a luz
e a cor que podemos ver, sempre e sempre, e que não envelhecerá.
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3 comments:
Nossa, realmente lindo. Se me permitir, irei citar essas palavras no meu blog.
Olá Três Pontos, :) ... Obrigada pelas visitas e por gostar dos poemas. Fique à vontade para citá-los e divulgar essa pequena poetisa. :)
beijo
Agora, acho graça quando leio:
"A mente nunca [...] decidiu tão grandes pensamentos / quanto quando tínhamos 16 anos".
De fato, a luz não envelhece. No máximo, se avermelha... do outono red-shift que faz agora.
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