Wednesday, August 02, 2017

Cantilenas em alto mar (parte 3)




VIII.

Veja as crinas brancas dos cavalos
que correm velocíssimos nas ondas do mar
Ouça o bramido de seus relinchos no fundo da existência.
Na canção do vento, épicos cavalos disparam no plano infinito
quando dobram os sinos dos pálidos cavaleiros da manhã,
os senhores do espaço.

E eu estou coberta de sonhos enevoados e palavras partidas.

IX.

O temor claro de uma manhã sóbria
me mata de não ter febre sob as estrelas.

X.

Sou um barco à espera da tempestade
um jóquei furioso com a perna quebrada
uma folha verde que caiu da laranjeira
e o dia é tão largo, insípido e aberto

sou uma vela que aguarda a escuridão.

XI.

Pedalo na madrugada verde e escura
entre árvores e cigarras que morrem
e o vento me escuta.

No comments: