Abre o teu coração
para os olhares e suspiros do Universo que,
astuto, prepara a mesa, e a barca que te levará
se quiseres, até a beira da vida, até a roseira do mundo
até o poço de açoitamento de deuses
onde verás o sangue dos divinos jorrando
onde sentirás o perfume de mil acácias mortais e belas
Não fujas! Canta comigo e lança teus braços
o mar proclama, o amor reclama
os beijos de colombinas e valetes e outros saltimbancos
Não foge, ama-me, nada tens a perder.
Abre teu coração, teus olhos, teu corpo
ao suspiro imenso que a noite inventa
à luz desejada da manhã, dança comigo à tarde
e adormece à noite em meus braços fatigados
e ressona meu poema, com a cabeça sobre ele.