Tuesday, November 18, 2008

Quarteto para o Fim dos Tempos


"Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse", A. Dürer


Para o abismo deslizamos todos lentos.
Entre nós, um licor viscoso amargo
Ódio e esqueletos de devorados pássaros
O desprezo que nos arrasta muito largo.

Para o sepulcro a torrente leva todos,
as crianças mórbidas, os monstros podres vivos
de ignorância e as baratas que espreitam.
Os leões fogem empalidecidos.

Ah quanto se perde! Quantas horas
Quanto vazio entre sangue e espadas
Tanto desfazer, tanta água em torno
da barca sozinha entre harpias aladas.

Entre restos de carantonhas vazias no tempo
de desafeto e armaduras no longo desalento
Decompõe-se a lápis esgares e mãos partidas
enquanto nascem crianças tortas desvalidas.

1 comment:

tork said...

[aere perennius]