Saturday, January 24, 2009

Tundra



No mais, apenas relva seca
No além, uma lagoa desabitada
Aqui, janelas cerradas
No entorno, carantonhas mortas.

E como beber nas festas dos mortos?
Como continuar a dançar no vazio
este, que é o companheiro dos que nascem
e o ninho constante até a hora do óbolo.

Aliás, deixem as mãos vazias
na hora final - nem na boca carreguem a moeda.
No máximo não permitirão a entrada no hades
e ficaremos entre mundos, velejando.

Quem será capaz de entender?
A maioria não diz senão asneiras
e o mercado está preenchido de doces
e lágrimas excessivas - e mãos lascivas
que querem tudo, não obtendo nem mesmo a névoa.

Tantas opiniões e folhetins, tanto pastiche
tanta obscenidade travestida de cetins e champanhe.
Tanta sujeira que mesmo a solidão dos cumes
está chocada com tamanha perdição.
Então, entre fornicar nas cozinhas vazias
e inspirar o ar verde das manhãs marinhas
mister é antes se acostumar a confrontar
o coração da noite, o fundo da treva, o lamento.

Descendo ao rio
Entrando no mar
Caindo no abismo
Cercando-se de anjos possuídos.

2 comments:

R. M. Peteffi said...

"E como beber nas festas dos mortos?"
afuder...! belíassimas imagens. e verdadeiro mesmo...infelizmente.

putz...esses filmes hollywoodianos são uma merda...eh como vc falou...nesses casos de personalidades tempestuosas retratadas, por mais impessoal que seja o filme, sempre tem uma ponta de veredicto...

pios é...aquele poema resolvi usar uma linguagem mais parecida com a dele, pra falar de casos autobiograficos...mas por isso que te falei que parecia simples, mas nao era...complicado conseguir o efeito...

mas vamo tentando...
breve...

bjos!

Roberto B. said...

bonito,bonito