Nasci para cometer grandes pecados
nos bares e bordéis, nas ruas sujas pintar quadros aterrorizantes.
Nasci para ser excomungada da Igreja.
Nasci com o signo do escorpião na nuca.
Nasci para cometer grandes crimes.
Nasci para ser procurada pela polícia.
Vim a este mundo para ser condenada em tribunais de homens respeitáveis.
Vim para envergonhar suas vestes negras de juristas
com palavras de baixo calão, pensamentos obscenos
e assim manchar o reino com minha gargalhada pútrida.
Mas ao invés de seguir o Destino, deus alegre,
fujo, e corro como lebre espantada pela sombra repentina.
Entre bois e ovelhas pasta o felino,
entre rendas e bordados esconde-se o ronin.
Por isso meu corpo dói e tenho insônia.
Sinto-me envelhecer como murcha a orquídea sob o sol de verão.
Nasci para ser a depravação do país.
Vim para disseminar a discórdia e a luxúria.
Sou o vício enclausurado pela lei e pela instrução.
Sou um demônio aprisionado no bom senso e na finura.
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