Fotografia de Jan Saudek
Encontra-me à janela numa tarde de flores vermelhas,
janela de madeira comida pelo tempo e outros pássaros vorazes.
Caminha tranquilo, em paz com suas armas, na calçada de escorpiões.
De camisa branca vem o meu amor,
com rosas na mão direita,
e uma adaga na cintura. Seus olhos vermelhos
de sangue derramado de patrões exploradores,
pois ele é o justiceiro dos humildes, dos camponeses,
dos índios, das escravas negras abusadas pelos senhores brancos.
Ele é dançarino, jogador, príncipe dos sem lei esquecidos nas tavernas.
Um anjo de olhos negros que vem me visitar,
íncubo de sonhos de ninfas virgens sequestradas,
protetor de pássaros, companheiro de lobos,
amante que abre minha alma como uma flor de lis na manhã de outono,
irmão que estende seus braços para aninhar-me em seu peito,
onde sinto bater seu coração constante,
amor de séculos passados enclausurados no escuro,
de chuva do futuro que pende na montanha,
da música de um violino adormecido no presente.
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