Omar Khayam, "Rubayat"
Deve ser a covardia humana tão difundida
Tão elaborada, qual um bordado em cetim
Aproveito-me da tua covardia e vilania não calculada
da tua infantilidade, do teu medo sem alcance póstumo
para tecer um elogio à minha própria grandeza
Isso é mau. Isso é pequeno e vazio. É o fim das coisas
O fim dos tempos... que a inteligência se sirva
da simples meiguice do medo pleno de criança
que a malícia e maturidade se sirva da tua crendice
para enaltecer sua carcaça trabalhada pelo tempo
como as conchas do mar e as carapaças de longos crustáceos
para enaltecer o poder de visão estrito, mas maior que o teu
Isso é mau, mas me serve, me é útil. E vou-me
na estrada, diante do mar, ainda à caça da Raridade
ainda à caça da Beleza pura e da Vontade, e antes, da coragem da Beleza
Que a beleza covarde, que só pede desculpas, é uma beleza miúda e passageira
mais uma concha que parecia rara, mas está na coleção da mercearia
Mais uma, mais uma pedra, mais uma casa na rua
Mais uma pedraria comum e tola... meus olhos ardidos de desejo
pedem o brilho do diamante à custa de sangue
qual vampiros - não me faço de vítima, sim vampiro
e ao som do jazz da praça me finjo de displiscente - mas que sou alerta.
E vamos nós, e vou-me, sem retorno - mas não é que tudo retorna
no ventre da vida, dos objetos, do mundo, não apenas das impressões
e vou-me, sem esperar, que não tenho paciência!
Tenho o temperamento de tirana absoluta - c'est moi l'État!
sem paciência para covardes - somente para os caramujos
e para as estrelas há trilhões de anos tenho calma
Esperarei somente pelos delicados seres
de tempos esparsos e puros como lençóis d'água
somente para eles tenho todo o tempo que há.
2 comments:
captei...
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