Thursday, May 21, 2009

Fantasmas





O amor é um espectro.
Por ele move-se o mundo
e o que é belo canta.
Mas para o amor não há esperança
de materialidade, de existir como flor
que se abre e recebe o sol com seu calor.
O amor só vive na penumbra da noite
e se vai quando a luz da alvorada desce.
O amor teme a luz, respira sofregamente entre sombras.

Para o amor há apenas gargalhadas ao meio-dia
hora em que cheiros vulgares e dentes podres governam.
Para o amor há apenas humilhações e hálitos fedidos
de bocas que soletram: vai pagar? Senão, dê o fora, pé-rapado.

Para o amor não há esperança de cores douradas e sonhos vermelhos
há apenas as lentas danças de véus negros e azuis, e brancos de lua
para o amor não há esperança de vida, há apenas a morte.
Quem acredita no amor, deve viver durante as noites
e reservar sua garrafa de vinho, e suas velas.
O amor respira entre as sombras apenas.

3 comments:

Lucia said...

tive a impressão exatamente contrária vendo o filme.

Lucia said...

engraçado que o blogger não muda o nome sozinho. achei que mudasse já que a gente só inseri o endereço. enfim, já tá mudado.

Anonymous said...

Tem uma música (acho que do Djavan) que diz uma linda frase:
"...o amor não cabe em si..."
É isso...talvez seja preciso ser maluco para amar. Ou, quem sabe, lúcido demais. Tão lúcido que já tenha ficado mesmo maluco.