Tuesday, July 14, 2009
Antonia
Quero que este seja um poema de flores
um poema de vaga-lumes, joaninhas e beija-flores.
Vaga-flores, beija-lumes, beijinhos.
O lótus nasce da lama.
Os anjos do artista nascem do barro.
Ela veio da terra, se escondendo nos galhos dos cajueiros,
ela veio brincando com as serpentes e comendo pedras.
Nas mãos, carrega armas feitas de flores.
Você não irá encontrá-la se for ao seu encontro
como um diabo malicioso e sedento,
ela tem olhos de águia e usa lanças de ar.
No alto da árvore, lhe observa em silêncio.
Ela é meu único lar neste mundo. Meu lar de flores,
meu lar de folhas e ventos no verão que acabou de chegar.
Que ela nunca parta, pois estarei na chuva.
Só me restará caminhar descalça nestas ruas sujas,
sem nome, nem camas macias, nem cartas que me escrevam.
Serei uma viajante muda nesta terra que os deuses abandonaram.
A andarilha sem beija-flores, nem luzes com cheiros de maçãs assadas.
Pássaros verdes cruzam a janela, e tenho que contar a ela.
Pela manhã, com o ouro da alvorada fria, nasce a sua voz na canção.
Pela madrugada, sua sombra está velando o sono das meninas.
O gato dorme aos seus pés reconhecendo asas de beija-flor.
Que ela nunca parta, que não me tomem os deuses
o vaga-lume, o beija-flor, e as cores de toda a sua arte.
Eu a amo. Amo suas folhas e flores,
sua copa e suas belas raízes, e os insetos que voejam seus frutos.
Da lama nasce o lótus,
do breu nasce a estrela, do barro nasce a árvore
mais frondosa que jamais pôde haver.
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