Monday, July 13, 2009

Prazer em conhecer


Você vem falar comigo com seu sinal de cabeça
e ser meu amigo e quem sabe um amante rápido,
vem com essa amizade com a qual nada posso fazer
- posso gastá-la? posso ter êxtases? posso rir? posso chorar sobre ela?
essa ligação fétida de mofo e hálitos de professoras reprimidas e morais.

Você não sabe onde está se metendo. Desligue as luzes e saia
pela escada à direita, dobre a rua e siga pela alameda, esqueça-me.

Sou uma adaga fabricada por um artesão de 127 anos
mergulhada em sangue e fumaça, e das chamas, veja o desenho
de anjos terríveis no cabo, de flores com caules longos e pétalas desgraçadas.
Sou uma dose de whiskey antigo que o pai escondeu mas as crianças acharam
- não vá abrir a garrafa, não vá tirar a pistola da gaveta, pode estar carregada.

Sou uma noite escura e fria na estrada quando você está perdido.
Você não sabe de nada, e vem me falar do tempo e dos costumes e da história.
Vem me ensinar sobre a Gênese e os gloriosos feitos da humanidade
e os valores das taxas e dos impostos e o impacto do novo pacote econômico.
Vem querendo ser inteligente - eu como sua cabeça em três segundos.
Sou uma serpente encravada de pedras, devoro seus olhos em três segundos.

Você é provavelmente muito fraco, não conseguirá me suportar - sou amarga
sou um copo de anis, sou uma performance de rock metálico satânico
Seus ouvidos vão doer, sua cabeça vai girar, sua boca vai arder, você vai chorar.
vai chorar, vai chorar, vai praguejar, e será tarde demais... irá dizer que não me entende
como se os absintos e as maldições de guerreiros moribundos
precisassem do seu entendimento medíocre de escolar que tira dez na prova.

Sou uma dose letal de força e vermelhos, sou os roxos das madrugadas desesperadas.
Sou o pentagrama de Aleister Crowley, sou o suicídio do poeta português,
sou o vento sobre o avião que perdeu o contato com a torre,
o poema do negro bluesman que chega em casa bêbado e cuja mulher o largou.
Sou o uivo dos cães na cidade onde está o motel
em que você se hospedou e nunca viu,
no mesmo quarto onde foi morta uma puta há três dias.

Sou a morte da borboleta e o nascimento de um grande felino
Sou uma alvorada insone mergulhada em vinho
Sou um lamento de um místico hindu e a mão do samurai sanguinário.

Vocês são muito fracos para mim, esqueçam-me.
Devoro-os todos em segundos, suas cabeças, seus olhos,
e uso o sangue para polir meus instrumentos musicais.

1 comment:

Lucia said...

uau