"A queda dos anjos rebeldes" - Bruegel, O Velho
Armas sacrossantas pela noite voaram.
Na manhã, corpos de ímpios estão banhados
pelo sol frágil do inverno e o ar é leve, de tristeza que se foi.
Apesar disso, há cheiro de sangue por toda a parte.
Anjos altos que são apenas asas postam-se nas esquinas
observando os restos de suas intervenções e o horror
escorrendo pelas faces dos hipócritas transeuntes
e dos jornaleiros apressados em espalhar as novas.
Os anjos postam-se imóveis e insensíveis aos prantos.
Seus finos olhos e suas gigantescas asas são vistas
por aqueles que ainda têm ousadia para olhar acima de suas sombras.
Lanças foram arremessadas com toda a força.
Vindas de todos os lados, aos furtivos, aos impuros,
aos falsos castos, aos donos do mundo que se protegiam
atrás de computadores e grandes estantes e mesas,
os anjos não quiseram compreender, saber e perdoar suas
infelizes humanidades escondidas nos copos de uísque e em cheques
falidos renegados pelo Banco Central, com herpes ou vícios sexuais.
Os anjos desferiram suas lanças no espaço
atravessaram carnes com espadas sibilantes. Não houve chamados.
Antes que estrelas pudessem intervir maternais
com suas piscadelas, frescores prateados,
um grande massacre incompreensível havia sido executado.
Os anjos não perdoam a humanidade.
A humanidade é o que recebe seus golpes laminados.
Os anjos estão nas ruas, brancos, gelados, sombrios
seus olhos enormes sem pupilas, suas asas, impassíveis,
impiedosos e insensíveis a orações, mas alertas.
Suas lanças e espadas descansam ao lado de suas presenças
para as quais nem as crianças ousam olhar.
Os homens sujos ou apenas indignos, líderes
de terríveis bandos de lobos, caíram numa noite.
Todos sucumbiram na lama pelas lanças dos anjos enormes.
As legiões vieram trazer suas justiças enlouquecedoras.
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